Potencialidades do mercado de azeite de oliva no Brasil
Resultado da prensa das azeitonas, o azeite de oliva tem suas raízes em sociedades do Oriente Médio e Mediterrâneo, as quais foram responsáveis pela sua popularização ao redor do mundo. Na atualidade, a popularização da dieta mediterrânea aliada à maior conscientização sobre os benefícios do óleo no combate a doenças cardiovasculares e poder antioxidante contribuem para impulsionar a ampliação do mercado consumidor em escala global. Assim, dentre os sumos extraídos da azeitona, os óleos classificados como extra virgem e virgem oferecem maiores benefícios à saúde devido à ausência de químicos e à maior conservação das propriedades antioxidantes, o que reflete não só nas boas taxas de crescimento observadas nos últimos anos como também em maiores vantagens competitivas.
Dados do Observatório da Complexidade Econômica (OEC) mostram que a União Europeia é a principal produtora do alimento, com destaque para Espanha, Itália e Portugal que corresponderam, respectivamente, a 45,5%, 21,2% e 8,93% das exportações globais do produto no ano de 2019. Embora não seja um produto tradicional da dieta brasileira, o azeite vem conquistando espaço entre os consumidores nacionais – resultado de uma tendência mundial de busca por ingredientes mais saudáveis. Nesse contexto, de acordo com dados da ComexStat, entre os anos de 2017 a 2021, o país observou um aumento de 15,4% na compra do azeite de oliva virgem, sendo que – em 2018 – o montante importado ultrapassou a marca dos 382 milhões de dólares.
Tais valores contribuem para que, segundo dados da OEC, o Brasil ocupe o 5º lugar entre os países que mais compram o azeite de oliva virgem – tendo como principais fornecedores do produto Portugal, Espanha, Argentina, Chile e Itália. Embora ainda apresentem pouca expressividade quando comparados a esses parceiros tradicionais, os Estados árabes têm se destacado na produção oliveira e ganhado espaço no cenário nacional, sendo necessário destacar os produtos oriundos da Tunísia e do Líbano (Câmara de Comércio Árabe Brasileira, 2018).
Dessa forma, o mercado brasileiro oferece boas condições para a importação por duas razões principais: 1) a alta na demanda é suprida quase em totalidade por produtos importados, já que o cultivo de oliveiras em território nacional ainda é incipiente, concentrando-se majoritariamente em cidades do Rio Grande do Sul e Minas Gerais; 2) o consumo per capita ainda é baixo quando comparado a países como Espanha, Itália, Grécia e Portugal – o que denota potencial de expansão do número de consumidores no Brasil (KIST; CARVALHO; BELING, 2019). Por outro lado, o setor enfrenta alguns obstáculos: no âmbito mundial, as mudanças climáticas afetam as safras de azeitona e impactam diretamente na produção e oferta de azeite; já no contexto brasileiro, o declínio do poder de compra interfere no consumo do produto pelas camadas mais populares. Apesar disso, relatório divulgado pelo Fortune Business Insights (2020) projeta crescimento do mercado de azeite, o qual deverá atingir US$16.64 bilhões em 2027 – com expectativas de crescimento anual de 3.2%. Acompanhando essa tendência, é esperado que a demanda brasileira continue crescendo e que não só as importações permaneçam robustas, como também a produção nacional continue a se desenvolver.
Autor: Maria Rita Santos Moura
REFERÊNCIAS
FORTUNE BUSINESS INSIGHTS. The global olive oil market size was USD 13.03 billion in 2019 and it is projected to reach USD 16.64 billion by 2027, exhibiting a CAGR of 3.2% during the forecast period (2020-2027). S.N: Fortune Business Insights, 2020. 204 p. Disponível em: https://www.fortunebusinessinsights.com/industry-reports/olive-oil-market-101455. Acesso em: 08 fev. 2022.
ISAURA DANIEL. Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Mais países buscam mercado brasileiro de azeites. 2018. Disponível em: https://anba.com.br/mais-paises-buscam-mercado-brasileiro-de-azeites/#:~:text=Atualmente%2C%20o%20maior%20produtor%20e,do%20produto%20para%20o%20Brasil. Acesso em: 08 fev. 2022.
KIST, Benno Bernardo; CARVALHO, Cleonice de; BELING, Romar Rudolfo. Anuário brasileiro das oliveiras 2019. Santa Cruz do Sul: Gazeta Santa Cruz, 2019. 56 p. Disponível em: https://www.editoragazeta.com.br/sitewp/wp-content/uploads/2019/10/2019OLIVEIRAS-PDF.pdf. Acesso em: 08 fev. 2022.
MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Comex Stat – Exportação e Importação Geral. Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral/51246. Acesso em: 09 de julho de 2021.
Which countries export olive oil, virgin? (2019). The Atlas of Economic Complexity. Disponível em: <https://oec.world/en/visualize/tree_map/hs92/export/show/all/3150910/2019/>. Acesso em: 09 fev. 2022.
Which countries export olive oil, virgin? (2019). The Atlas of Economic Complexity. Disponível em: <https://oec.world/en/visualize/tree_map/hs92/import/show/all/3150910/2019/ >. Acesso em: 09 fev. 2022.