Desafios e Oportunidades na produção e exportação do amendoim
O amendoim desponta no rol de produtos exportados pelo Brasil desde de 2016. E, apesar de representar apenas 0,30% do total da cesta de exportações, é possível notar que os índices de exportação desse produto estão crescendo significativamente desde o ano indicado.
Só no período de janeiro a setembro de 2020, o amendoim — seja ele triturado, em grãos, ou o próprio óleo do amendoim — o montante de exportação do amendoim foi de impressionantes U$$250 milhões. Diante da exemplificação da importância e da presença desse produto no mercado de exportações, o texto abaixo tem como objetivo a demonstração de oportunidades e desafios relacionados à produção e à exportação do amendoim no Brasil.
No que se refere ao seu cultivo, existe uma expectativa de uma safra recorde de amendoim. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a estimativa para a safra 2019/2020 é um volume significativo de 557,5 mil toneladas, 28,3% maior que a safra passada, com uma elevação de 9,3% de área plantada.
Conforme apresenta a Coplana – Cooperativa Agroindustrial, o cultivo do amendoim é extremamente benéfico, pois é constantemente feito em rotação de culturas, promovendo a renovação da produtividade da área, ajuda com a redução de pragas da cana e serve como fonte de nitrogênio para o solo, beneficiando os produtores ao gerar mais empregos e renda.
Da mesma forma, alguns desafios se colocam à frente da produção de amendoim no Brasil. Alguns deles já contam com esforços direcionados à sua resolução. A retração da safra de 2018/2019, no final deste último ano, por exemplo, que foi responsável pelo menor montante de produção no primeiro quadrimestre de 2020 vem a ser superado pela safra atual, mencionada anteriormente.
Uma outra questão que surge diante do cenário de alta no volume da safra é uma possível dificuldade de absorção do produto pelo mercado interno brasileiro. O site da IEA (Instituto de Economia Agrícola) aponta esse fator, e a necessidade de se acompanhar a dinâmica do mercado de exportações.
No contexto da pandemia mundial do Covid-19, um terceiro desafio se põe à frente dos produtores: o adiamento das festividades juninas no país. Período esse responsável por uma grande alta nas exportações internas do produto. Essa nova perspectiva demanda uma reformulação nos planos de comercialização do amendoim e, apesar das perspectivas otimistas para o ano de 2020, pode ser considerado como um empecilho.
Por último, há ainda uma condição sanitária no que diz respeito ao processo de produção do amendoim. O pesquisador Thiago Ferreira (2014), em artigo para a Revista Eletrônica de Biologia, aponta como a cultura do amendoim pode apresentar uma série de doenças fúngicas durante todo o seu ciclo. Portanto, nota-se também a necessidade de um cuidado especial no manuseio e ao longo de todo o processo de produção de forma generalizada, afim de evitar perdas dessa natureza
Como apresenta o site The Atlas of economic complexity, os principais produtores de amendoim são os Estados Unidos, exportando 17,98%, a Índia, que exporta 17,82%, a China, com 12,90% e a Argentina, com 12,68%. Nesse cenário, o Brasil já é o quinto maior contribuidor, o equivalente a 8,67% exportador do produto. Um dos fatores que podem ter beneficiado o país foi a desvalorização do real em relação ao dólar.
Segundo o portal de consultas de dados sobre o comércio exterior do Brasil, o ComexStat, o país que mais importou amendoim de NCM/SH 12024200 do Brasil, no período compreendido entre janeiro e setembro de 2020 foi a Rússia, liderando a importação com uma percentagem de 35%, o equivalente ao Valor FOB de US$87,2 Milhões. O país utiliza o amendoim na fabricação de doces e confeitos, por exemplo. Os outros principais compradores do amendoim brasileiro, são Argélia, Países Baixos (Holanda) e a Ucrânia. Portanto, a partir de sua versatilidade na preparação de receitas, o amendoim se destaca como produto primário de diversos alimentos industrializados.
AUTORES: Igor Messias e Letícia Alves.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ATLAS. Who export Peanut in 2018? Disponível em: https://atlas.cid.harvard.edu/explore?country=undefined&product=754&year=2018&productClass=HS&target=Product&partner=undefined&startYear=undefined
CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. v.7, safra 2019/20 n.12, set de 2020.
COPLANA. Brazilian Premium Peanuts. 2019. Disponível em: http://www.coplana.com:8090/wcoplana/wp-content/uploads/2020/01/CoplanaPremiumPeanuts2019PT.pdf
FERREIRA, Thiago. Aspectos Sanitários da Cultura do Amendoim. Revista Eletrônica de Biologia. Volume 7, p. 301-320. 2014.
MASSAFERA, Renata. Amendoim brasileiro pode ter safra recorde este ano. Biodieselbr, 2020. Disponível em: https://www.biodieselbr.com/noticias/materia-prima/outras/amendoim-brasileiro-pode-ter-safra-recorde-este-ano-160320
O DEFENSOR. Com produção e exportações crescentes, amendoim brasileiro pode ter safra recorde este ano. 2020. Disponível em: https://odefensor.com.br/site/2020/03/11/com-producao-e-exportacoes-crescentes-amendoim-brasileiro-pode-ter-safra-recorde-este-ano/
SAMPAIO, Renata Martins. Amendoim: exportações em alta frente às expectativas construídas pela pandemia. Revista Canavieiros, 2020. Disponível em: https://www.revistacanavieiros.com.br/amendoim-exportacoes-em-alta-frente-as-expectativas-construidas-pela-pandemia
SAMPAIO, Renata Martins. Amendoim: exportações caminham e pandemia adia o São João. Instituto de Economia Agrícola. 2020. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14781