Os Impactos dos Cortes de Financiamentos do Governo nas Exportações
Ao que se sabe, no Brasil, o desempenho das exportações tem sido cada vez mais relacionado a estrutura econômica e industrial do país. De certa forma, a produtividade e as inovações acabam sendo maiores em setores de tecnologia e aqueles em que o país possui vantagem e é especializado (WEBBER; DATHEIN, 2014). Nesse contexto, as condições de crédito podem influenciar tanto em nível de atividade e de emprego, quanto as taxas de investimento e crescimento do país. As empresas nacionais, até pouco tempo possuíam uma serie de incentivos a exportação, como o BNDES e o PROEX, instrumentos públicos de financiamento a longo prazo para diversas áreas e setores do país.
O financiamento é considerado uma das principais condições para o sucesso de um processo de exportação, e cada país conta com suas próprias Agências de Créditos a Exportação. Essas instituições existem há muitas décadas na maioria dos países industrializados e vêm sendo constituídas mais recentemente nos países emergentes. “Estima-se que o mercado total de financiamento às exportações represente cerca de 80% do total do comércio internacional a cada ano” (CATERMOL, 2010, p. 166).
No ano de 2019, com o contingenciamento da maioria dos recursos públicos, as exportações se viram ameaçadas, dados os cortes em financiamentos. Os principais produtos ameaçados são máquinas, equipamentos e bens de capital, importantes para as pautas exportadoras do país. Segundo dados da Folha de São Paulo, o Banco do Brasil, responsável pelo repasse de recursos informou que por questões orçamentárias, não serão mais aprovadas operações do PROEX da modalidade Equalização. Embora ainda exista a linha do PROEX Financiamento, que financia a venda do importador para o exportador não ter sofrido alterações, os cortes de financiamento podem ser considerados absurdos dadas as atuais condições de desemprego e ociosidade da indústria brasileira.
De acordo com a Federação de Empresas do estado de São Paulo, a obtenção de crédito para exportar é importante, pois dá as empresas a opção de financiar seu processo produtivo e de exportação e isso é imprescindível em um ambiente competitivo. Outro ponto que merece atenção é que os poucos financiamentos que ainda existem, são muito burocratizados e existe certa dificuldade, por parte dos empresários de conseguir informações claras sobre como conseguir os empréstimos.
Os cortes nos financiamentos impactam a economia brasileira, de acordo com reportagem da GAZETA DO POVO, a suspensão dos financiamentos da Proex afeta grandes produtoras e exportadoras de alto valor agregado, como a Volvo, pois boa parte de suas exportações são financiadas pelo programa. Entretanto essa decisão do governo, segundo o Tesouro Nacional, traz pontos positivos já que agora o governo pode prever aproximadamente quanto vai gastar, como uma maior transparência e de acordo com o Ministério da Fazenda, os cortes ajudam a aperfeiçoar o Proex.
O financiamento das empresas é um grande aliado da exportação, os cortes do governo geram impactos na economia do país, pois podem diminuir as exportações de algumas empresas, porém para os empresários que desejam exportar seus produtos existem outras modalidades de financiamento, de bancos como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Bradesco e a Caixa Econômica. Mesmo que não existam muitas informações sobre os financiamentos, empresas que prestam consultoria internacional e auxiliam no planejamento do processo de exportação, conseguem realizar pesquisas mais aprofundadas e encontram modalidades de financiamento que se encaixam na necessidade dos empresários, para que os mesmos possam tirar proveito do leque de possibilidades que o mercado internacional possui.
Autoras: Alícia Brito e Paula Mendes
Fontes:
https://www.ufrgs.br/fce/wp-content/uploads/2015/01/TD04_2014_webber_dathein.pdf